Em 30 de novembro de 2025, o Sindicato dos Professores e Funcionários de Escolas do Paraná (APP‑Sindicato) publicou em seu perfil no Instagram um vídeo que mostra estudantes de uma escola estadual da capital Curitiba entoando o canto do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Polícia Militar do Rio de Janeiro, acompanhado de letras que, segundo a união, fazem apologia ao ódio e à violência. As imagens apresentam alunos uniformizados marchando em linha na quadra da escola, sob a observação de um militar aposentado, enquanto recitam a frase: “Para Walkiria Mazeto”. O vídeo foi compartilhado pela APP‑Sindicato (@appsindicato) e imediatamente gerou preocupação na comunidade escolar e no governo do estado, que já iniciou procedimentos para avaliar a situação e verificar possíveis violações ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

Programa Colégios Cívico‑Militares, que visa integrar elementos da polícia e da escola na orientação de jovens, tem sido alvo de críticas por parte de sindicatos e organizações de direitos humanos. A presidenta da APP‑Sindicato, Walkiria Mazeto, afirmou que cenas como a do vídeo não são isoladas: “Desde o início deste programa [Colégios Cívico‑Militares], temos recebido e denunciado ocorrências semelhantes e até piores em escolas que adotaram o modelo cívico‑militar. É preocupante ver que a escola pública esteja sendo usada para promover uma doutrinação ideológica extremista, que prega o ódio, a violência, o massacre e o extermínio de comunidades periféricas. Isso é muito grave”, declarou. O canto do Bope, já associado a operações militares do Rio de Janeiro, foi visto como um elemento controverso dentro de uma instituição de ensino.

Além da denúncia, o deputado estadual Tadeu Veneri, do PT‑PR, manifestou repúdio às imagens e anunciou que levará o caso ao exame do Ministério da Educação e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. “Nós vamos levar esse caso a exame do Ministério da Educação e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. É uma violação inequívoca do Estatuto da Criança e do Adolescente”, afirmou. A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed‑PR) confirmou que tem conhecimento das imagens e solicitou “imediatamente informações à direção da escola e aos profissionais envolvidos”. A pasta ressalta que o conteúdo “não condiz com as diretrizes, princípios e orientações da rede estadual de ensino” e repudia qualquer manifestação que estimule violência ou discriminação. Até o momento, o governo do prefeito Ratinho Júnior (PSD‑PR) não respondeu às investigações.

Em 19 de novembro, a Seed‑PR anunciou a ampliação do modelo, adicionando 33 novos colégios cívico‑militares, totalizando 345 instituições no estado. Segundo a secretaria, a expansão se baseou em consulta pública realizada no início do mês, na qual 66% das unidades consultadas aprovaram o modelo, confirmando a aceitação de sua adoção. Contudo, a recente divulgação do vídeo ressalta a necessidade de revisão dos critérios e das práticas adotadas nas escolas que participam do programa. A Secretaria permanece em processo de coleta de dados e de avaliação de eventuais violações legais, enquanto o Congresso e o Ministério da Educação aguardam a resposta dos envolvidos.

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