A cinco dias do jogo que pode colocar o Palmeiras na história como primeiro clube brasileiro tetracampeão da Libertadores, a presidente Leila Pereira adiantou-se ao protocolo oficial e recepcionou pessoalmente a delegação alviverde no hotel de concentración em Lima. O gesto, registrado em vídeo na noite desta quinta-feira (27/11), reforça a mobilização total da cúpra palestrina em torno da final contra o Flamengo, marcada para este sábado (29), às 17h (de Brasília), no Estádio Monumental. O encontro entre as duas maiores forças do futebol nacional na temporada decide não apenas o troféu de 2025, mas também o desempate de um histórico recente equilibrado: duas taças para cada lado em quatro decisões diretas desde 1999.
O Palmeiras chegou ao Peru na quarta-feira com a missão de reencontrar a consistência defensiva que lhe garantiu 23 jogos de invencibilidade na competição — só sofreu seis gols em 12 partidas desde a fase de grupos. A equipe de Abel Ferreira terminou a fase classificatória com 77% de aproveitamento, líder do Grupo C, e manteve o índice nas oitavas e quartas ao bater, respectivamente, Emelec e River Plate sem derrotas. A semifinal contra o Colo-Colo aprofundou o número de opções no banco: após perder o artilheiro José López por suspensão, o treinador promoveu a entrada de Kaio Jorge, que balançou as redes duas vezes e terminou como destaque. Do lado rubro-negro, o Flamengo chega após superar o atual campeão Defensa y Justicia nos pênaltis nas quartas e superar o Barcelona de Guayaquil com um agregado de 4 a 2 na semi. Com 21 gols marcados, o clube carioca tem o melhor ataque do torneio, comandado por Pedro, artilheiro isolado com nove tentos — três a mais que o principal alvo palestrino, Endrick.
A final também representa o capítulo mais recente de uma rivalidade que ganhou contornos de clássico internacional. Desde 1999, quando o Flamengo venceu a extinta Copa Mercosul, até 2023, ano da Supercopa conquistada pelo Verdão, os clubes se alternaram no topo: 2 a 2 em títulos, com o Palmeiras buscando o terceiro troféu seguido diante do rival. O retrospecto geral na Libertadores favorece o Alviverde: em 12 confrontos, são seis vitórias palestrinas, três empates e três derrotas, com saldo positivo de +7. Já o retrospecto neutro mostra equilíbrio: nos dois jogos realizados em solo peruano — um amistoso em 2017 e a Supercopa de 2020 — houve um triunfo para cada lado, ambos por 2 a 1. O Monumental, reformado em 2023, terá capacidade para 78 mil espectadores e gramado com tecnologia de irrigação automatizada, fator que deve beneficiar o toque de bola rápido armado por Abel Ferreira.
Além da disputa por um lugar no panteão continental, o resultado terá reflexos diretos no calendário de 2026. O campeão garante vaga na Recopa Sul-Americana contra o vencedor da Copa Sul-Americana, participação no Mundial de Clubes da FIFA — que volta ao formato tradicional com 32 equipes — e acréscimo de aproximadamente R$ 130 milhões em premiação e cotas de transmissão. O vice, por sua vez, encerra a temporada sem títulos internacionais e precisará se concentrar no Brasileiro e na Copa do Brasil do próximo ano para manter o caixa em patamar similar. Palmeiras e Flamengo treinam nesta sexta em dois turnos fechados à imprensa; apenas a coletiva de Abel Ferreira e Tite, respectivamente, e a entrega oficial de escalações, no sábado de manhã, abrirão espaço para declarações. A expectativa em Lima é que as torcidas superem 40 mil brasileiros, com esquema especial de segurança montado pelos governos do Peru e de São Paulo.
