A artista francesa Camille Henrot apresenta sua primeira exposição individual no Brasil, no Instituto Bardi Casa de Vidro, em São Paulo, a partir de 13 de dezembro. Com uma abordagem única, que ela define como “curiosidade de amadora”, Henrot transitou entre diferentes campos, desde a animação até a escultura, passando pela taxidermia, sempre buscando compreender as relações entre o ser humano e o mundo natural. Sua pesquisa é caracterizada por uma ética da interrogação, que visa questionar e compreender, em vez de buscar respostas definitivas. Com uma formação em animação e experiências em publicidade e assistência de artistas, Henrot desenvolveu uma poética que articula pesquisa, observação e sistemas de organização, resultando em obras que desafiam a percepção e o conhecimento moderno. Seu trabalho inclui vídeos, esculturas e instalações que exploram a relação entre o humano e o não humano, a ciência e a vida, e os dispositivos que as classificam e organizam.
A abordagem de Henrot é baseada na ideia de que o conhecimento é uma construção em constante movimento, e que a percepção e a compreensão do mundo dependem da capacidade de formular perguntas que mobilizem o outro, seja ele humano ou não humano. Isso se reflete em suas obras, que frequentemente apresentam estruturas de pensamento complexas e saturadas, como o desktop, que se torna metáfora do museu e do inconsciente coletivo. Em obras como “Grosse Fatigue” e “The Pale Fox”, Henrot utiliza essa estrutura para explorar a relação entre o conhecimento moderno e a vida, destacando as contradições e os colapsos do impulso totalizante do conhecimento. Ao questionar a forma como organizamos e classificamos o mundo, Henrot nos convida a repensar nossa relação com o ambiente e com os seres vivos, e a considerar as implicações éticas de nossas ações.
A exposição de Henrot no Brasil oferece uma oportunidade única para refletir sobre a relação entre o ser humano e o mundo natural, e sobre a forma como nossa percepção e compreensão do mundo são influenciadas pela ciência, pela tecnologia e pela cultura. Ao explorar as obras de Henrot, podemos desenvolver uma maior consciência sobre a importância de questionar e repensar nossas suposições e crenças, e de considerar as implicações de nossas ações no mundo em que vivemos. Isso pode nos permitir adotar uma abordagem mais sistemática e reflexiva em relação ao mundo, e a desenvolver uma maior empatia e compreensão em relação aos seres vivos e ao meio ambiente.
A obra de Henrot também nos lembra da importância de estar abertos a novas perspectivas e experiências, e de estar dispostos a questionar e desafiar nossas suposições e crenças. Ao adotar uma abordagem mais curiosa e aberta, podemos desenvolver uma maior compreensão do mundo e de nossa lugar nele, e podemos trabalhar para criar um futuro mais sustentável e equitativo para todos.
