Jovem de 19 anos morre após invadir jaula de leoa em João Pessoa; caso destaca fragilidades no sistema de proteção à infância

Em 30 de novembro de 2025, um jovem de 19 anos, conhecido como “Vaqueirinho”, faleceu ao invadir a jaula de uma leoa no zoológico de João Pessoa, estado da Paraíba. O incidente, que ocorreu no dia domingo, foi registrado pelas autoridades locais e gerou choque entre familiares e profissionais que acompanharam o adolescente na rede de proteção à infância. A morte evidencia falhas de cuidado e acompanhamento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, sobretudo aqueles com transtornos mentais não tratados e ausência de suporte familiar.

Gerson de Melo Machado, de 19 anos, cresceu em condições de pobreza extrema e sem apoio familiar. Desde os 10 anos, quando foi encontrado caminhando sozinho em uma rodovia e encaminhado ao Conselho Tutelar por meio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o adolescente foi incluído na rede de proteção à infância. A mãe de Gerson, que apresenta esquizofrenia, e seus avós também têm problemas de saúde mental, dificultaram a manutenção do cuidado familiar. Devido à situação, a mãe muitas vezes levou o filho ao conselho e expressou a intenção de devolvê‑lo, sendo que o jovem não conseguiu ser adotado por uma família. A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou o caso por oito anos, afirmou que Gerson sempre manifestou o sonho de viajar para a África a fim de “domar leões”. O adolescente repetiu essa intenção em diversas conversas no Conselho Tutelar, revelando um desejo persistente que nunca se materializou.

Antes da morte, Gerson já havia tentado ações que colocaram em risco sua própria vida. Em uma ocasião relatada por Verônica Oliveira nas redes sociais, ele tentou acessar clandestinamente um avião, cortando a cerca e entrando no trem de pouso de um voo da Gol. A intervenção das câmeras de segurança e a intervenção de funcionários do aeroporto impediram a tragédia. Esse episódio demonstra a urgência de estratégias de acompanhamento mais eficazes para jovens em risco, especialmente quando há histórico de tentativa de fuga ou comportamento impulsivo.

O caso traz à tona questões relevantes sobre a eficácia do sistema de proteção à infância no Brasil. Segundo dados recentes, milhares de crianças e adolescentes permanecem sob tutela de Conselhos Tutelares, muitos sem condições de cuidado adequadas e com transtornos psicológicos não atendidos. A morte de Gerson destaca a necessidade de maior investimento em serviços de saúde mental, acompanhamento psicológico e programas de prevenção de abandono e abuso. Enquanto a família e a comunidade reagem à tragédia, o episódio serve como alerta para profissionais e autoridades que a falta de suporte contínuo e de intervenção precoce pode culminar em perdas irreparáveis.

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