Nordeste vê avanço das usinas solares, mas enfrenta cortes severos de geração que ameaçam a economia
O Nordeste brasileiro é um lugar de contradições. De um lado, é uma região que atraiu investimentos para a energia renovável há mais de uma década, tornando-se um polo de desenvolvimento inigualável. A energia solar, em especial, se tornou um dos principais destinos para a exploração de recursos naturais da região. No entanto, essa ascensão não foi gratuita e nem foi sem consequências. Muito pelo contrário, a ascensão das usinas solares e eólicas nessa região traz um outro lado da moeda, como o avanço das usinas solares no Nordeste enfrentou cortes severos de geração que podem ameaçar a própria existência.
Os problemas com os cortes de geração impostos pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) são um fato que não está apenas presente no Nordeste, mas que têm um impacto direto nas geradoras da região. Dos 15 empreendimentos mais afetados em outubro, 14 estavam no coração da região, apenas um em Minas Gerais. O que não é um acaso, é a realidade do Nordeste. Esse efeito pode levar a consequências graves para a região, como lembra Donato Filho, diretor-geral da Volts Robotics, que explica que mais de 90% do impacto que os cortes de geração causam é sofrido apenas pelo coração do país. Isso torna ainda mais complicado a situação para a economia da região que está lutando para se manter.
Os números das reduções de produção dos empreendimentos na região são realmente preocupantes. As usinas solares da região estão enfrentando reduções na produção como, por exemplo, 63,57%. Esse cenário pode ser devastador, especialmente quando consideramos que a produção é tão baixa que chega a comprometer a operação da própria usina solar. Em alguns casos, os cortes podem até ser tão severos, até o ponto de não ser mais economicamente rentável. Outra preocupação é que essa concentração de usinas eólicas e solares na região faz com que os cortes de geração sejam ainda mais prejudiciais para a economia do coração do Brasil.
A cadeia associada às usinas solares e eólicas também sofre, pois as empresas que investiram no setor são as principais vítimas dos cortes. Essa reverberação não se limita apenas às geradoras, mas também reverbera em toda a economia do Nordeste. As empresas que investiram no Nordeste estão vivendo momentos difíceis. O efeito do corte de geração pode ser sentir tanto, dependendo da localização, que em alguns casos a planta só produz 40% da quantidade prevista, o que torna, inviável para manter o negócio a funcionar.
