Brasil e EUA têm territórios quase iguais, mas escolhas opostas criaram 140 mil km de trilhos americanos e deixaram nosso país com apenas 30 mil km desconexos, perdendo integração, eficiência e desenvolvimento. Quando você olha para os mapas de ambos os países lado a lado, a semelhança inicial impressiona. Dois países continentais, quase do mesmo tamanho, com regiões remotas, serras, planícies, floresta, deserto e grandes cidades. Aparentemente, os EUA e o Brasil são países irmãos, convidados a uma grande mesa de comércio e cultura. No entanto, uma olhada mais de perto deixa claro que há muito mais que uma simples semelhança superficial.

    Basta trocar o mapa político pelo mapa ferroviário e você terá um choque. Enquanto os EUA somam cerca de 140 mil quilômetros de trilhos, formando uma teia que costura o país de costa a costa, o Brasil mal passa de 30 mil quilômetros, em grande parte desconexos, subutilizados ou abandonados. É como ver dois irmãos, um que cresceu forte e saudável, enquanto o outro lutou para encontrar seu equilíbrio. A diferença nos trilhos é mais do que uma questão de geografia; é uma prova da forma como ambos os países escolheram usar essas fibras metálicas para se desenvolver.

    Ao longo de quase dois séculos, Brasil e EUA tomaram decisões políticas, econômicas, técnicas e culturais completamente diferentes sobre como usar os trilhos. Enquanto a ferrovia nos EUA se tornou um projeto de nação, que unia e conectava todo o país, aqui no Brasil a ferrovia se limitou a ser uma ferramenta regional para escoar produtos do campo. Essa diferença de visão que podemos considerar pequena, na verdade tem consequências significativas no desenvolvimento e na integração de nossas regiões. No Brasil, a infraestrutura ferroviária é fragmentada, o que impede uma eficiente movimentação de mercadorias e pessoas entre as áreas produtoras e os centros de consumo.

    Essa fragmentação gerou perda de competitividade e desenvolvimento regional. Imagine ter um mapa onde todas as ruas são interligadas, facilitando a comunicação e o fluxo de bens. Isso é o que os EUA têm com seus trilhos, não o que vivemos no Brasil. É claro que nem tudo pode ser atribuído aos trilhos, mas é óbvio que eles fariam uma grande diferença. Os EUA reconheceram a importância de uma rede ferroviária unificada que os ligasse de costa a costa. Isso deu origem a uma malha metálica que é um verdadeiro símbolo do progresso do país.

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